Não é que nos tornemos frios ou desconfiados, mas pura e simplesmente mais dificeis de surpreender, para o bem e para o mal, e mais exigentes na surpresa.
Na prática é como se já tivessemos visto muitos filmes e fossemos capazes de prever, logo às primeiras imagens, tudo o que vai acontecer a seguir.
Para envelhecermos felizes, desconfio que é fundamental continuarmos a ser capazes de nos indignar com as injustiças, a berrar contra a desumanização dos serviços de saúde ou com a injustiça da Justiça em Portugal, a bater o pé de impaciência...
Precisamos, para compensar a vista cansada e a artrite nos joelhos, de cultivar a indignação e o protesto construtivo, mas a sabedoria de encontrar soluções, sem esperar que sejam os outros a oferecê-las de bandeja, sem refilar por refilar, como se já não nos restasse a menor esperança ou convicção na nossa capacidade de fazer a diferença.
E precisamos de nos continuar a comover com as coisas mais inesperadas, de chorar só porque sim, de trocarmos olhares de cumplicidade-relâmpago...
Se calhar, o segredo passa por nos lançar-mos na aventura de coisas novas, mesmo quando os outros nos querem arrumar em papeis pré-estabelecidos...o segredo é aprender qualquer coisa do principio encontrando a coragem para superar a fase do solfejo, aquela barreira que nos impede a à maioria de nós de dominar uma partitura.(...)"
Isabel Stilwell
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