Depois do que assisti ontem, sinto-me triste e digo-o sem qualquer problema.
Não percebo esta fixação do governo pelos farmacêuticos e pelas farmácias como se fossemos a causa do défice do orçamento de estado, como se não pagassemos os impostos ou como se fossemos a causa número um da corrupção no país.
Foi motivo de discurso em plena tomada de posse e desde então tem sido uma luta, às vezes usando mau argumentos, mas sem qualquer explicação.
Ontem, assisti a um Ministro da Saúde que pensa apenas e só em números, apesar de estarmos a falar de doentes, saúde e profissionais competentes de saúde!!!!
À primeira vista, percebo que não se seja contra a liberalização das farmácias. Sim, percebo.
Mas depois de estarmos cá há algum tempo, depois de vermos que o objectivo é o estado intervir cada vez menos na saúde e depois de percebermos que não há UM único argumento a favor que cole, aí pensamos duas vezes.
Não digo que os farmacêuticos não tenham interesses económicos, claro que os têm. Mas 6 anos a estudar saúde pública darão pelo menos um mínimo de sensibilidade para perceber que os medicamentos não são pão.
Para perceber que o aumento do consumo e da acessibilidade dos medicamentos não são sinónimos de melhor saúde!
Que medicamentos baratos com cada vez menos intervenção do farmacêutico não levam a poupanças nos bolsos dos contribuintes já que arrastam consigo problemas de excesso de medicamentos que existem noutros países!!!
Saberão eles que é o próprio Estado Português que fixa o preço mínimo dos medicamentos???
Farão eles ideia o custo em saúde das intoxicações po Paracetamol nos E.U.A.???
Saberão eles que a saúde não pode ser nunca comparada ao negócio da carne, do pão, da roupa porque estamos a falar de drogas e de um negócio no qual o estado é o principal cliente?
Mas mesmo assim... ainda se dá um desconto pela incompetência....já que as bases do ministro da saúde são tudo menos relacionadas com a melhoria da qualidade da saúde.
Até ao belo dia de hoje em que o Diário de Notícias diz a bela pérola: "Vamos liberalizar a propriedade da farmácia e no concurso terão vantagens os que não são farmacêuticos" como se além de desvalorizar a nossa profissão fosse necessário impedir-nos de competir e concorrer com iguais direitos aos pedreiros, aos talhantes e aos Belmiros de Azevedo's pelas farmácias.
O que dirá a autoridade para a concorrência sobre isto?
Vou ser farmacêutica... infelizmente.
Porque parece que ando a estudar 6 anos para agora, limitar-me a vender caixinhas e passar a ter percentagem de lucros sobre as vendas de medicamentos tal qual numa loja de sapatos.
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